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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Mãe da Minha Mãe

Sabe a minha mãe? Então, sou mãe dela desde os meus 14 anos, digamos que aos 13 eu ainda não tinha capacidade para ser mãe de alguém. É difícil ser mãe da nossa própria mãe, pois, ao invés de aprender e ser cuidada, a gente precisa ensinar e cuidar. Fica mais difícil quando você que deixa de ser filha pra ser mãe, não teve um auxílio psicológico adequado quando mais precisou, e luta contra demônios da mente diariamente. É duro ver sua mãe sofrendo e perceber que por mais que você ajude só uma atitude dela irá resolver. Mais duro ainda é perceber que ela possui os mesmos transtornos psicológicos que você, porém, com a intensidade multiplicada por 10 e que ela além de não possuir plano de saúde, não possui a mesma informação e a mesma educação que você. Você que vai ao médico, compra seus remédios e luta dia a dia para viver uma vida "normal".  Poise, muitos nunca foram ao médico, (grande maioria) nunca irão,  não possuem dinheiro, não possuem auxílio, não possuem amparo do governo e vão sobrevivendo psicologicamente como se esse mal estar interno grotesco fizesse parte de sua personalidade. Eles só têm uma vida, mas, morrem e nunca descobrem o que é viver de fato. Não quero isso pra minha mãe. Não quero isso pra pessoa que permitiu aos 17 anos que eu saísse do seu ventre e me ensinou que sinceridade e generosidade são as maiores virtudes que alguém pode ter. E ela não precisou me dizer isso, ela nem saberia dizer, mas não precisou, eu aprendi sozinha, como? Olhando para ela... Que pena, que hoje esse brilho esteja apagado a que a superficialidade das redes sociais, as fotos no lugar das experiências e as promessas de falsa felicidade desse novo mundo afete de maneira significativa aquelas pessoas mais sensíveis, que não possuem ferramentas adequadas para lidar com tudo isso. Mas, espero, voltar a escrever aqui e dizer: Hoje minha mãe voltou a viver!

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