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domingo, 5 de janeiro de 2025

1 de janeiro de 2015 - O Encontro com Tereza

Capítulo: O Encontro com Tereza

O ano começou pesado. O sol do primeiro dia de janeiro insistiu em brilhar, mas dentro de mim tudo parecia nublado. Acordei tarde, exausta de uma noite anterior regada a lágrimas que nem o conforto de meu amigo Lop conseguiu secar. Tomei Ritalina, esperando que ela trouxesse alguma fagulha de energia. Nada.

Eu queria dançar a tristeza para fora. Coloquei reggae, samba e forró das antigas, movendo o corpo sozinha pela casa. Aquela dança improvisada me trouxe um breve alívio. Depois, peguei o carro e dirigi sem rumo. O volante nas mãos me trouxe um pouco de controle em meio ao caos interno.

Acabamos indo à praia. Eu não queria, mas fui. O mar tem seus mistérios, e naquela tarde ele parecia me chamar. Conhecemos uma mulher chamada Tereza, que nos convidou para sua casa. Havia algo estranho nela, uma inquietação que eu não conseguia nomear. Ela disse que tinha maconha. Ingênuos e embriagados, aceitamos o convite.

A casa dela era uma mistura de contraditórios. Um enorme quadro de Jesus Cristo pendia na sala, mas a energia era opressiva. Tereza olhou diretamente nos meus olhos e, com um tom enigmático, perguntou:
— Você sabe quem eu sou?

Algo naquela cena me arrepiou por completo. Ela parecia tomada por algo, uma força sombria que me fez estremecer. Pedi licença, chamei meu amigo e corremos para fora. Desci as escadas como se estivesse fugindo do próprio diabo. Meu coração acelerava, meus pensamentos se confundiam. Por um instante, achei que estava perdendo a sanidade.

Naquela noite, deitei tarde. Tomei meu valproato de sódio e carbolitium, mas abri mão, mais uma vez, da naltrexona. Dormi mal, e às 5h30 do dia seguinte, arrastei-me para o trabalho. O corpo cansado, a mente inquieta. Janeiro havia começado, e eu estava lutando para não afundar.

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